Escola Parque é opção para os pais que buscam o construtivismo
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Fotos Escola Parque/Divulgação |
A Escola Parque, tradicional escola do Rio de Janeiro, com quase cinquenta anos de história, é um exemplo de escola construtivista, uma das teorias mais importantes na educação, que surgiu no século 20, a partir das experiências do biólogo, filósofo e epistemólogo suíço Jean Piaget (1896-1980).
As ideias de Piaget chegaram ao Brasil no final da década de 20, no contexto do Movimento da Escola Nova. Assim como a Escola Parque, diversas instituições brasileiras adotaram o modelo construtivista, como a Escola da Vila, em São Paulo, e a Escola da Serra, em Belo Horizonte.
Conhecimento se constrói
“Mais do que o rótulo ‘contrutivista’, os pais devem se preocupar como a escola se posiciona. As palavras se desgastam entre o uso e o que efetivamente querem dizer”, disse Viviane Monteiro, orientadora pedagógica da Educação Infantil da Escola Parque, que conversou com “Mãe, Aqui e Agora” por telefone.
No caso do construtivismo este conselho de Viviane é ainda mais verdadeiro, até porque Piaget não era um pedagogo e nem se propôs a desenvolver uma prática ou um método de ensino. Piaget estabeleceu uma teoria que permite conceber o conhecimento como algo que não é dado e sim construído e constituído pelo sujeito através de sua ação e da sua interação com o meio.
Criança como coautora do aprendizado
Ou seja, uma escola construtivista não tende a ensinar algo já pronto e conduzir o aprendizado através de repetições. “O aluno é coautor do processo de ensino e aprendizado. Esse é um dos pilares da Escola Parque”, contou Viviane. “A escola tem todo um trabalho de olhar para o outro, de respeitar profundamente o aluno, desde muito pequenos. Valorizamos a formação moral, para além da intelectual”.O que tem tudo a ver com a visão de Piaget, que considerava a experiência dos diversos estágios da criança como importante para a formação de conceitos espontâneos que lhes permitem entender a realidade e relacionar-se com ela. Cabe ao educador entender esse processo, respeitar as ideias trazidas pelo aluno e não rotulá-las como “erradas”. Em vez disso, o professor deve utilizar esse conceito para estimular o entendimento do aprendiz.
Agora, damos a palavra a Viviane, da Escola Parque, que nos conta como esse aprendizado é construído por lá.
Visão pedagógica
Acreditamos que a escola não está apartada das coisas que acontecem no mundo. Temos o currículo, mas estamos o tempo inteiro ligados com as mudanças que acontecem no mundo. Especialmente na educação infantil, todas as áreas do conhecimento - matemática, línguas e ciência - estão muito integradas e associadas a problematizações reais. Queremos formar alunos que sejam capazes de buscar respostas para a solução dos problemas que encontram na vida.O processo de alfabetização
Utilizamos a literatura produzida socialmente, com textos que tenham lógica no percurso da criança, ou com a arte de uma maneira geral. Por exemplo, fizemos um trabalho intenso com poesia e biografia na época do centenário de Manoel de Barros. Com resultado deste estudo, os alunos produziram a biografia de um funcionário da escola. Em outra ocasião, as crianças estavam plantando tomate e tiveram problemas com praga. Diante disso, eles tiveram que estudar e ler textos científicos sobre pragas. Mais importante do que saber juntar letras é saber onde procurar informações.Literatura
O trabalho com a literatura é muito forte na Escola Parque. A Inês De Biase, coordenadora das Bibliotecas da Escola Parque, faz uma curadoria maravilhosa, trazendo tudo de novo que é publicado. Garantimos que o acervo da escola esteja disponível para as famílias e na porta da escola temos o “Livro Livre”, um repositório de livros que as pessoas da comunidade podem pegar emprestado.Ensino da matemática
Trabalhamos os primeiros contatos com a matemática a partir de problemas reais. Por exemplo, as crianças que estão no Grupo 4 (entre 4 e 5 anos) estudaram as danças da região sul do Brasil para a Festa Junina deste ano. Os alunos descobriram que no Sul do Brasil os meninos brincam de carrinho de lomba ou carrinho de rolimã. Eles começaram então um processo de estudo e construção do carrinho de rolimã e a professora começou a ver diferentes possibilidades de aplicação da física neste projeto: porque o carrinho não sobe? O que faz a roda girar? Como funciona o eixo de um carro? As crianças fazem, refazem, registram, escrevem o que deu errado. Até chegar a um carro.
Uso da Tecnologia
Quando se fala em tecnologia pensa-se logo em computador, em tela. Durante muito tempo as escolas abordavam assim o uso da tecnologia, com os laboratórios de informática. Hoje em dia, a tecnologia faz parte do nosso dia a dia. Você não entra em um curso para aprender a usar um celular. Na Escola Parque a tecnologia está no cotidiano dos alunos. Não temos um laboratório. Temos o “Espaço do Fazer” onde as crianças estudam o funcionamento de algumas máquinas, desmontam, remontam sucatas, estudam seus diferentes usos. Temos câmeras fotográficas que as crianças usam para documentar trabalhos, computadores para pesquisas. A Programação é aplicada quando é necessário fazer algum trabalho, por exemplo, o Primeiro Ano fez uma animação em Stop Motion e usou as tecnologias necessárias para que isso ocorresse.
Datas comemorativas
A escola está ligada com o que está acontecendo no mundo e, por isso mesmo, questiona este mundo. Entendemos que algumas datas festivas são puramente comerciais e, muitas vezes envolvem questões sociais que estão passando por transformações. Como fazer uma festa para o dia das mães em um tempo em que temos famílias com configurações tão variadas? Valorizamos o que diz respeito à nossa cultura. Nossa Festa Junina, por exemplo, é um momento de estudo das diferentes manifestações da cultura brasileira. A família é celebrada quando convidada a estar presente nas festas que a escola promove.Quer saber mais sobre Educação? Leia também:
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