Cinco maneiras de trabalhar a atenção plena com o seu filho


Sabe aqueles macaquinhos que saltam de uma árvore para outra, agitados e inquietos? É mais ou menos assim que funciona a nossa mente densa, chamada de mente macaco em alguns textos budistas tradicionais antigos. Assim como os macaquinhos saltam de galho em galho, nossa mente acelerada e tagarela também pula de pensamento para pensamento, indo para o passado, pulando para o futuro, sempre julgando, planejando e desenvolvendo sentimentos como raiva, inveja, apego, preocupações... Ufa!

A boa notícia é que é possível desenvolvermos uma mente mais calma e serena e menos vulnerável às influências externas. E a analogia aos nossos amigos primatas é um bom ponto de partida para quem deseja trabalhar esses estados mentais mais pacíficos com as crianças. No frigir dos ovos, a meditação é O caminho. Mas, como fazer uma criança, que possui capacidade atencional menos refinada que os adultos, parar e se concentrar por mais do que cinco minutos em uma meditação? Bem difícil, não é!?

É aí que entram as técnicas de mindfulness ou, em bom português, atenção plena. Mais especificamente, o Mindfulness Associado à Terapia Cognitiva ou MBCT (Mindfulness-Based Cognitive Therapy). “A associação da meditação com a Terapia Cognitiva mostrou que quando você se relaciona diferentemente com sua mente você passa a ter melhores resultados com seus sentimentos e emoções”, contou Vitor Friary, diretor clínico do Centro de Mindfulness (Rio de Janeiro), em seu workshop Mindfulness para Crianças.

Segundo Friary, uma das essências do mindfulness é fazer as pazes com o que é difícil para mim: raiva, dor, frustração. O objetivo é fazer com que as crianças sejam capazes de identificar e expressar o que sentem e relacionar-se melhor com o que está acontecendo no momento. Quanto mais a criança se sentir curiosa sobre o aqui e o agora, mais ela terá calma e sabedoria para responder a um pensamento ou sensação, não necessariamente analisá-los ou resolvê-los. É um processo de abertura, que pode ou não reduzir os sintomas.

5 Dicas de mindfulness para crianças

Algumas brincadeiras e atividades podem despertar esse estado de atenção plena em seu filhote. Quer algumas dicas? 

O Baralho das Emoções 

Desenvolvido por Terapeutas Cognitivo-Comportamentais, o baralho possui 21 cartas para meninos e 21 cartas para meninas que ajudam as crianças a acessarem suas emoções, externalizar os seus sentimos e associá-los a comportamentos.

Livros que falam sobre sentimentos 


Nesta mesma linha sobre nomear os sentimentos, alguns autores como Tod Parr e seu “O Livro dos sentimentos” e a coleção Casa dos Sentimentos, de Nana Toledo são boas dicas.

A Caixinha de preocupações 

Providencie uma caixinha bonita e decorada para guardar as preocupações de seu filho. Antes que ele se prepare para dormir, você pode perguntar se há algo que o preocupa, algo que o incomode. Estimulá-lo a pensar sobre essas questões, em vez de evitar pensar nelas, revelará a natureza delas. Esses pensamentos poderão ser colocados dentro da caixa. A tampa se abre, as preocupações entram, e a tampa torna a se fechar. Seu filho pode ver a caixinha de preocupações em algum lugar na prateleira do quarto, a uma certa distância, assim ele perceberá que elas não estão mais em sua cabeça.

O pote da calma 

Inspirado no método Maria Montessori, usado para acalmar as crianças depois de um choro ou de uma briga, o pote da calma é repleto de glitter colorido que ao ser sacudido se agita e aos poucos se acalma e acomoda-se no fundo do pote. Uma metáfora para o lugar da pausa.

A uva passa 

Um dos exercícios mais utilizados nas oficinas de mindfulness em todo o mundo, o exercício da uva passa evidencia a nossa dificuldade em pensar em apenas uma só coisa de cada vez. Basta oferecer uma uva passa para a criança, que deve estar com os olhos fechados, pedir que ela sinta a textura, o tato com a pele. Depois de um tempo, peça que ela coloque a uva passa na boca, mas não a mastigue. Passe-a por entre os dentes, na língua, e só depois de sentir bem o alimento em toda a boca, engula. 

Fontes: Livro Quietinho feito um sapo, Eline Snel. 
Workshop Mindfulness para Crianças, com Vitor Friari.

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