Você vai ler este texto agora, porque não há tempo para a espera

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Quando eu era criança eu tinha que saber esperar. Esperar o aniversário para ganhar o presente, esperar os adultos terminarem de falar para eu me manifestar, esperar o fim de semana para comer aquele doce especial, esperar os 15 anos para, quem sabe, poder viajar para a Disney, esperar pela resposta da carta ou do postal. Eram muitas as esperas e ainda assim cresci com imensa dificuldade em lidar com o tal “dar tempo ao tempo”.

Fico olhando para o meu filho e penso: pobrezinho! Juro que tento passar essa sabedoria para ele. Mas, como concorrer com o imediatismo da internet 4G; a eficiência da Siri (e Alexa, para os mais antenados com a tecnologia); a rapidez das mensagens instantâneas? Haja frustração para o pequeno, quando chegar na vida adulta e perceber que o mundo não se move na velocidade dos bits. 

Que temos que esperar para conseguir um diploma; esperar pela promoção que não chega nunca; esperar pela entrevista de emprego; esperar pela eficácia de um tratamento médico; esperar pelo menos nove meses para um filho nascer e outros tantos para a gravidez ocorrer; esperar por conta da ineficiência burocrática deste país; esperar pelo resultado de um processo judicial; esperar para ser chamado no concurso; esperar para ferida cicatrizar... São tantas as esperas.

Como eu posso ajudá-lo a não se frustrar tanto na vida? Permitindo que ele espere. Não respondendo instantaneamente ao choro da criança – e a regra vale inclusive para bebês, que não irão morrer se esperarem cinco minutinhos a chegada da mãe; propondo que esperem a comida no restaurante sem o Ipad em mãos; lembrando que o bolo que está assando não é para ser comido agora, que deve ser para o fim de semana... Nas pequenas coisas há a possibilidade de uma espera que pode ser saudável e até reforçar o lugar do desejo, que move a vida. Mas isso é outra história.


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