Sobre mães, filhas e netos
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Photo by Jake Thacker on Unsplash |
Minha jornalista preferida, Eliane Brum, me ensinou em seus escritos que um bom repórter deve "atravessar a rua de si mesmo para olhar a realidade do outro lado de sua visão de mundo." Ando ambiciosa, desejando que essa máxima paute a vida de qualquer pessoa. Quem sabe assim seremos mais empáticos!?
Dia desses transitei por duas vias diferentes do universo da maternidade. Em um parquinho, repleto de crianças, reparei em uma senhora que se esforçava para acompanhar o ritmo do netinho, de dois anos de idade.
Ao se sentar ao meu lado, ela desabafou sobre a dificuldade de ter que cuidar diariamente do neto porque a filha trabalhava o dia inteiro e não tinha com quem deixá-lo. Era uma reclamação legítima. Apesar de todo o amor envolvido na relação vó-neto, criar aquela criança não parecia estar nos planos dela.
Mãe executiva
Na contramão desta rua, ouvi o desabafo indignado de uma mãe, executiva, equilibrando pratos para dar conta de 44 horas semanais de trabalho, sem contar as reuniões que extrapolam o horário combinado, mais academia, mais compromisso sociais, cuidados pessoais, tarefas da casa... "Ainda por cima tenho que aguentar a cara feia da minha mãe quando deixo a minha filha lá durante a manhã para que eu possa vir trabalhar. Poxa, ela só tem que ficar com ela até a hora de ir para a escola!"Senti compaixão por aquelas mulheres, mas fiquei pensando se estou otimista em excesso. Se mãe e filha não conseguem se entender e compadecer da situação em que se encontram, que dirá o resto da humanidade? Ainda assim, prefiro continuar acreditando.
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